CARTA DE UM PIRATA

Uma comédia inconformada
Texto, Direção, Coreografia, Iluminação e Atuação
Vinícius Piedade
Solo em turnê desde 2003
Sinopse
Um pirata escreveu uma carta pra mãe há muito tempo, e o ator traz essa carta para o palco utilizando pra isso o essencial (corpo, voz, sensibilidade), de maneira a explorar todas as suas nuances, que vão do humor genuíno ao inconformismo radical, fazendo da peça uma Comédia Inconformada.
Apresentação e concepção
Carta de Um Pirata é um espetáculo concebido inicialmente dentro do Projeto Solos do Brasil, que teve a participação de grandes nomes do teatro brasileiro e mundial como Antonio Abujamra, Gianni Ratto, Denise Stoklos, Luis Louis, Eduardo Coutinho, Hugo Rodas e Ricardo Napoleão.
O projeto Solos do Brasil estabeleceu um núcleo de pesquisa teatral voltado para a investigação do trabalho do ator e o aproveitamento máximo de seu potencial criador, seguindo, a princípio, as bases do Teatro Essencial.
O Teatro Essencial coloca o foco principal do trabalho teatral sobre a matéria viva que é o ator com seus recursos humanos: voz, corpo, inteligência, intuição. O projeto proporcionou um período de estudo que possibilitou a sólida formação do ator, juntamente com o aprofundamento e a maturação da pesquisa efetuada.
Ao fim do projeto, que contou com uma temporada no Centro Cultural São Paulo, o ator continuou de maneira independente a criação embrionária que se deu durante o processo. Aprofundou seu estudo não só das técnicas do Teatro Essencial, mas dos temas abordados no espetáculo e das relações dele com o público, avançando em sua pesquisa em busca de uma obra mais consistente.
Assumiu o lema Trabalho Em Progresso (work in progress) e iniciou apresentações pela periferia de São Paulo num laboratório fundamental para existência da peça. Então a partir dessa trajetória solo, dentro dessa filosofia de construção na prática, após aquele grande período de preparação (durante o Solos do Brasil), a peça ganhou corpo, forma e conteúdo. Nasceu Carta De Um Pirata, uma Comédia Inconformada.
A peça... justificativa e objetivos
Um pirata escreveu uma carta pra mãe, há muito tempo, e o ator leva essa carta para o palco. Na carta, o pirata mergulha na própria existência em meio ao mar e traduz em palavras pra sua mãe. Na peça, o ator traduz essas palavras em expressividade. Não se trata de ler ou repetir as palavras ditas na carta e sim fazê-las ter vida, fazendo da comunicação ator-público não apenas uma representação, e sim algo paralelo à comunicação pirata-mãe. Os motivos que fizeram o pirata virar pirata são os mesmos que o ator tem pra ser ator; “os motivos que levaram o pirata a escrever a carta pra mãe sem piedade nem pena, são os mesmos que fizeram o ator levar essa carta pra cena: Inconformismo”. A peça se passa em vários planos diferentes (de narrativa e estética). Em um momento, o pirata está no mar em calmaria escrevendo a carta; em outro, o ator está no palco explicando quem eram os piratas. Uma tempestade no mar é coreografada pelo ator-pirata. Sensações e questionamentos pessoais são expressados pelo ator em meio ao barco pirata. O pirata apresenta seus companheiros de barco. Fala dos amores vividos em terra firme quando o barco aportava. O barco pirata persegue e afunda um barco “oficial”. Foge do ataque de um barco mais potente. O ator-pirata afirma o tentar, tentar e tentar dia-a-dia uma vida digna. Trata-se de uma Comédia Inconformada, já que a carta foi escrita pelo pirata para sua mãe em diferentes momentos, de risos, fúrias e dúvidas.
A peça se passa, sobretudo, na linha tênue entre o ator e o pirata, em um mergulhar na essência humana de um ser apaixonadamente inconformado.
Palavras poéticas e palavras do dia-a-dia se misturam também em uma linha tênue entre a poesia metafórica e a linguagem coloquial. Fragmentos de textos de outros autores e poetas se misturam na busca de vitalizar a carta. De Shakespeare a Cazuza, de Gonzaguinha a Castro Alves. No caso de Castro Alves, por exemplo, é citado de maneira visceral trechos do seu “Navio Negreiro” no momento em que o barco pirata se defronta com um navio negreiro.
O corpo do ator, que se entrega ao acontecimento teatral, se assemelha ao corpo do pirata em movimento no barco, em consonância com todos os seus ritmos e sensações.
A trilha sonora também tem uma participação muito ativa na construção dramatúrgica da peça, não sendo apenas sonoplastia.
As técnicas do Teatro Essencial e as técnicas do trabalho desenvolvido por Piedade chamado Ator Inconformado, como a desconstrução de gestos já estabelecidos, a variação de tom e volume de voz e as mudanças rítmicas são os alicerces da peça, tal como as idéias de Peter Brook, Artaud e Grotowski.
A dramaturgia da peça pretende explorar as mais diversas nuances dessa carta, de maneira a atingir os mais diversos públicos, já que as várias camadas de profundidade da peça percorrem desde o humor mais simples e refinado, até a poesia mais revoltada e consistente, sendo um convite à reflexão sobre o viver em sociedade hoje e sempre.
Ficha Técnica Texto, direção, dramaturgia, coreografia, iluminação e interpretação solo:
Vinícius Piedade
Figurino:
Jaqueline Valdívia
Trilha sonora:
Felipe Pegoraro e Vinícius Piedade
Fotografia:
Juliana Bruce e Sávio Heringer
Concepção visual e criação gráfica:
Márcio Baptista

