Caetaneantes reflexões
Você é meu caminho
meu vinho, meu vício
Desde o início
eu achei que estava escrevendo algo tão meu,
meu bem,
tão seu,
meu mal,
meu mar e minha mãe
meu medo e meu champanhe
parecia algo pra você
que é minha droga, paixão e carnaval,
mas foi só cantarolar
a letra que parecia meu bálsamo benigno
seu signo,
que ela, a letra,
meu bem, se mostrou além,
meu mal, se provou
algo
tão
Caetano
no seu modo de ecoar na minha voz
meu vício, desde o início
onde o que eu sou se afoga
e uma fúria, misto de lágrima de ódio e amor,
meu medo e meu champanhe
visão do espaço, meu mal,
a letra que parecia tão feita pra você
meu vinho desde o início
por mim
numa noite de sábado de chuva
com meu vinho, meu vício
desde o início
estava você
onde quer que estivesse,
você é meu caminho
meu mar e minha mãe
meu medo
de você descobrir que isso ia além de mim,
meu bem, pra você, meu zen,
olha eu aqui olhando o mundo através da janela lateral
te cantando através da cantada de um outro qualquer
qualquer Caetano,
olha você aí, minha,
visão do espaço sideral
meu fumo e minha ioga
diria ele,
digo eu,
digo, droga,
você é minha droga,
caminho
aqui na minha insuficiência
lamentando o fato de que você saberia que isso,
o texto que é música,
foi feita por outro
logo ele
que tanto te toca a pulsação,
Veloso,
e eu
numa noite de vinho, meu vício, desde o início
se não, ah, eu com meu medo
com meu champanhe
e você com suas cores e nomes
ouviria da minha voz, meu zen, meu mal
olha o que fiz, meu bem, aqui, meu bem, olha o que fiz pra você,
meu mal, algo que vai além de nós
onde o que eu sou se afoga
meu fumo e minha ioga
você é minha droga, paixão
e carnaval
e me passa pela cabeça agora que ele,
o Caetano,
fez essa música numa pós-noite assim, sem lua
bela no seu brilho sem espaço sideral à vista,
chuva como melodia, trovões calados,
zen,
também enxergando além do que se pode ser,
sabe-se lá, lá se sabe,
o que sei
é que desde o início
estava você,
porto seguro onde eu vou ter
e se ao menos você acreditasse nele,
eu gritaria agora
meu medo e minha ioga
meu mar,
antes que o sono te clame nova existência
eu falo
com cinco cantos o mundo
com meus cinco sentidos
nossos olhos com sotaque da terra da gente
nosso jeito de falar
nosso jeito de querer
nosso jeito de imitar
nosso jeito plagiado
nosso sub-jeito de querer, meu mal
meu signo, meu guru, porto seguro
onde eu vou ter,
chega daquilo que já não tem data.
Neruda disse mesmo que a poesia é de quem precisa?
Posto que é chama disse o de Moraes,
Paixão e carnaval, revelou Caetano,
meu mar, minha visão, meu vício
meu fumo,
você é minha droga,
onde quer que esteja,
meu bem,
meu bem,
meu zen.
Mal.